Em 2011 celebrou-se o Ano
Internacional das Florestas. Declarado pelas Nações Unidas, foi objectivo
promover a gestão sustentável das florestas à escala mundial e dar a conhecer à
Sociedade a importância dos bens e serviços prestados pela floresta para a vida
na Terra.
Também em Portugal se celebrou o
Ano Internacional das Florestas. Por todo o País, realizaram-se inúmeros
eventos e iniciativas que viriam a culminar na Assembleia da Republica, com a
realização da audição pública parlamentar “A floresta que temos, a floresta que
queremos”.
Portugal é um país de florestas! Temos
cerca de 40% do território coberto com florestas – 3,45 milhões de hectares,
que estão na base de uma fileira industrial moderna e dinâmica e que é responsável
por 11% das nossas exportações. Fruto desse dinamismo, actualmente, o cluster
florestal é já o terceiro principal sector exportador e apresenta potencial
para continuar a crescer.
Para além da economia, a floresta
portuguesa desempenha um papel ambiental insubstituível, quer na fixação do
dióxido de carbono, quer na conservação da biodiversidade e ainda no combate à
erosão dos solos. Também, na vertente social a floresta desempenha uma função
impar no mundo rural, nas economias locais e no combate ao avanço da
desertificação do interior do país.
Findo 2011, importa fazer um
balanço e nesse sentido destacaria cinco registos que marcaram o ano:
1. Fundo
Florestal Permanente, pela primeira vez, apoia a Certificação Florestal. Num
valor cifrado em mais de 560.000€, este apoio publico nacional irá permitir
adicionar cerca de 100.000ha de floresta certificada até final de 2013.
2. Novo
Governo toma posse em Junho, funde a Autoridade Florestal Nacional com o
Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e cria o Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas.
3. Assembleia
da Republica revoga Código Florestal, sob proposta dos Grupos Parlamentares do
PSD e CDS-PP.
4. APCOR
organiza, em Lisboa, o 2.º Congresso Mundial do Sobreiro e da Cortiça, num
sinal de recuperação do sector após a crise que o afectou em 2007/2008.
5. “Ao cair do pano”, o Parlamento associa-se à
celebração do Ano Internacional das Florestas e em 22 de Dezembro institui, por
unanimidade, o Sobreiro como “Arvore Nacional de Portugal”.
Também, no final do ano o País
ficou a conhecer as Grande Opções do Plano do actual Governo para o período
2012-2015. No que respeita ao sector florestal, o Governo preconiza a
“redinamização” das ZIF, a realização do “Cadastro Florestal” e a criação de um
mecanismo de segurança e gestão de riscos como forma de redução dos riscos de
incêndio. Ainda, nesse contexto, considera ser merecedor de “especial atenção”
o declínio dos povoamentos suberícolas e o nemátodo do pinheiro.
Apesar das grandes linhas de orientação
incidirem em aspectos importantes para o desenvolvimento do sector florestal, desconhecem-se
as metas e as medidas preconizadas para as concretizar. Sobretudo, parece-me
que o Governo é omisso no essencial: a aposta clara na gestão sustentável das
florestas. Numa visão de futuro, para um sector que tem uma acentuada vocação
exportadora, o fomento da certificação florestal e a adopção de um regime
fiscal ajustado às especificidades da actividade florestal constituem factores
decisivos para a gestão activa da floresta e, consequentemente, para a competitividade
da fileira florestal nacional!
É unânime a opinião que a fileira
florestal pode gerar emprego e riqueza no mundo rural e contribuir para alavancar
a economia nacional. Urge estabelecer compromissos duradouros com os agentes do
sector e encontrar soluções sustentáveis para enfrentar as fragilidades estruturais
da floresta portuguesa. A floresta é o principal recurso natural de Portugal. É
importante que o Governo reconheça o seu potencial e coloque a floresta no topo
da agenda política.
Termino com votos que, em 2012,
os agentes do sector saibam tirar partido do processo de agilização das medidas
florestais do PRODER desencadeado em 2010 e 2011 e que este ano fique marcado
pela consolidação do investimento na floresta, cujas ajudas públicas ascendem a
mais de 440 milhões de euros até 2015.
Miguel Galante
(Eng. Florestal)
(Eng. Florestal)
Publicado na Gazeta Rural, edição n.º 170 (Jan2012)
Sem comentários:
Enviar um comentário