Tendo presente os impactos do aquecimento global nas
cidades, as Nações Unidas escolheram como tema a relevância das árvores e das florestas
urbanas e peri-urbanas para a qualidade de vida no meio urbano. Por todo o país
sucederam as iniciativas de plantação de árvores em escolas e em jardins
públicos, que contribuíram para sensibilizar as pessoas para a importância das
árvores.
O Parque Florestal de Monsanto, cuja gestão florestal foi certificada pelo FSC, é um bom exemplo da importância das florestas urbanas para a qualidade de vida nas cidades |
Mas este ano, a celebração do Dia Internacional das
Florestas também ficou marcada pela iniciativa do Governo de sensibilização
para a limpeza da floresta em torno das habitações. De certo modo, esta ação
simbólica foi mais um passo no grande desígnio do Governo de preparar o País
para evitar que se repita a tragédia humana do ano passado.
De facto, tem sido bastante intenso o empenho do Governo na
promoção da protecção das pessoas e bens, na protecção das casas e das aldeias.
A ação governativa no que respeita às florestas não se fica por aí. Foram
abertos concursos para acesso aos fundos públicos que irão apoiar a
silvopastorícia na protecção dos incêndios.
A promessa anunciada pelo Ministro da Agricultura de uma
nova orgânica para o ICNF em Março ficou pelo caminho. Tal não invalida essa
necessidade premente de reorganização dos serviços do Estado responsáveis pela
floresta. É necessário reorganizar a estrutura orgânica, mas também
rejuvenescer e reforçar a estrutura técnica e também operacional. Essa demora
demonstra da complexidade da reforma daquele departamento do Estado, que assume
um papel central na desejada mudança do paradigma da floresta em Portugal.
Entretanto, pelas mãos de Capoulas Santos voltou o anuncio
da criação da Empresa de Gestão e Desenvolvimento Florestal, que terá sede em
Figueiró dos Vinhos e também a nova Agência para a Gestão dos Incêndios Rurais
viu a sua Lei Orgânica aprovada em Conselho de Ministros.
Também em Março foi assinada a instalação do Laboratório
Colaborativo dos incêndios florestais, uma plataforma de partilha e de
desenvolvimento de conhecimento que fazia falta no nosso País, conforme já se
havia assinalado neste espaço de opinião.
Em suma, Março voltou a ser um “mês das florestas”. Um mês
em que a floresta assumiu protagonismo junto da Sociedade Civil e, neste
domínio, merece destaque a mobilização dos portugueses que elegeram o
monumental sobreiro “assobiador” como a “Árvore Europeia do Ano” e que permitiu
levar mais longe a nossa árvore nacional. Neste particular, importa deixar uma
palavra de saudação à UNAC que apresentou a proposta de nomeação deste sobreiro
singular.
A Sociedade Civil também se mobilizou na recuperação das
áreas ardidas. Por todo o País realizaram-se acções de arborização que
envolveram milhares de portugueses dos 8 aos 80 e que se empenharam em devolver
o verde aquelas paisagens que foram tingidas de negro no verão passado.
Termino como o assunto que serve de tema a esta crónica – a
importância da árvore no espaço urbano. E aqui quero fazer minhas as palavras
de Fernando Medina, o edil da Câmara Municipal de Lisboa na valorização do Parque
Florestal de Monsanto, o pulmão verde da capital e o único parque urbano da
Europa com certificação de gestão florestal sustentável e que é objecto de investimento
anual de 4 milhões de euros da parte da Câmara Municipal de Lisboa na gestão
ativa daquele espaço florestal.
Esta nota final sobre o Parque Florestal de Monsanto visa
enfatizar a multiplicidade de usos dos espaços florestais. Existe mais vida
para além do material lenhoso e dessa perspectiva, era fundamental que o
Governo retirasse da gaveta a Estratégia Nacional para as Florestas e colocasse
em prática as linhas orientadoras que o estruturam.
A mitigação do problema dos incêndios florestais constitui
um desígnio nacional, mas é preciso olhar para a floresta no seu todo.
Miguel Galante (Eng. Florestal)
Gazeta Rural, edição n.º 313 (2.4.2018)
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